Em 2007, Aguerre saiu de uma escolinha amadora do Uruguai para as categorias de base do Flamengo, mas ficou apenas cinco meses
Aguerre é destaque em vitória do Peñarol em cima do Flamengo no Maracanã
Washington Aguerre, goleiro do Peñarol que fechou o gol na vitória por 1 a 0 da semana passada pelas quartas da Conmebol Libertadores, no Maracanã, tem um passado entrelaçado ao rival Flamengo. Antes mesmo de defender a camisa carbonera, vestiu a rubro-negra.
Em 2007, aos 14 anos de idade, o defensor deixou a cidade de Artigas, no Uruguai, e foi para o Rio de Janeiro tentar a sorte na base do time da Gávea. Porém, depois de cinco meses, foi dispensado. Os dois times fazem o jogo de volta nesta quinta, às 19h, no Uruguai.
Goleiro Aguerre (de uniforme preto) passou pela base do Flamengo em 2007 — Foto: Arquivo Pessoal
— Foi uma experiência muito boa, em todos os sentidos. Tão jovem, indo para fora do país, para tentar entrar em um time gigante. Tenho as melhores lembranças — disse o goleiro Washington Aguerre
Aguerre já se destacava no futebol amador quando era adolescente. Assim, ele ganhou a oportunidade de treinar em uma escolinha do Peñarol localizada em Artigas, cidade de 40 mil habitantes que faz fronteira com o Brasil.
Aos 14 anos, recebeu a chance de jogar no Flamengo, para treinar nas categorias de base. Porém, a carreira rubro-negra não durou muito e ele foi dispensado cinco meses depois. Aguerre retornou para o Uruguai e conquistou espaço na base do Peñarol, clube que o revelou.
O goleiro acumula passagens por outros clubes uruguaios: Plaza Colonia e Cerro Lago. Este último é o clube que Aguerre mais defendeu (64 partidas) e também o clube que o goleiro marcou o único gol da carreira: um golaço após um chute do campo de defesa, perto da própria área.
Na sequência, Aguerre teve a primeira experiência (profissional) fora do país e defendeu o Querétaro, do México, antes de desfrutar novamente nos campos brasileiros. Em 2023, o goleiro teve uma rápida passagem pelo América-MG, disputou somente dois jogos antes de retornar ao Peñarol.
Lembranças de um amigo
Renato França Odriozola é médico e uruguaio, porém, reside no Rio Grande de Sul há nove anos. Ele era jovem quando sonhava em também ser jogador de futebol e fez escolinha junto com Aguerre, em Artigas. Amigo de longa data do goleiro, ele lembra a história do menino de 14 anos, com quem conviveu.
— Ele vem de uma família trabalhadora, mas muito humilde. Eles não tinham dinheiro nem pra passagem de ônibus. Quando Aguerre retornou a Artigas, depois de ser dispensado pelo Flamengo, ele me deu uma camisa de treinamento de goleiros do Flamengo — comentou Renato.
Renato exibe foto em que aparece com a camisa de treinamento de goleiros que ganhou de Aguerre; o único vestindo a camisa do Peñarol é o goleiro da equipe, curiosamente — Foto: Arquivo Pessoal
A foto acima reúne alguns dos ex-colegas de Aguerre, na época em que eles disputavam campeonatos amadores. Atualmente, o grupo se reúne eventualmente em Montevidéu para disputar peladas de futebol. O curioso é que o grupo de uruguaios adotou a camisa do Flamengo como uniforme.
— Somos uruguaios que jogamos com a camiseta do Flamengo, porque a gente gosta do Flamengo. A gente vê o Flamengo como uma referência do Brasil e como uma potência mundial — explicou Renato.
Quis o destino...
Cerca de 17 anos depois, quis o destino que Washington Aguerre reencontrasse o "ex-clube". No jogo de ida pelas quartas de final da Libertadores, no Maracanã, na última quinta-feira (19), o goleiro foi um dos destaques da partida, tendo realizado seis importantes defesas.
O goleiro deixou o estádio com uma leve provocação ainda no vestiário: uma imagem sinalizando as cinco Libertadores do Peñarol. Mas a partida decisiva será nesta quinta-feira, às 19h (de Brasília), no Campeón del Siglo. O Flamengo precisa vencer por dois gols de diferença para se classificar à semifinal. Vitória rubro-negra por um gol levará a decisão para os pênaltis.